Texto escrito em parceria com Jean Pasteur sobre o tema da palestra que será realizada no CBTD 2016, “Liderança é o que sustenta o resultado”
Esta pergunta é enganosamente simples e nada óbvia. Nos últimos anos nós dois tivemos muitas conversas sobre este tema e nossa palestra no CBTD será para apresentar, pela primeira vez, o resultado desta reflexão.
O tempo investido por nós nesta reflexão após cada intervenção de consultoria nas empresas em que trabalhamos permitiu chegar a um modelo que é ao mesmo tempo robusto o suficiente e simples o suficiente. Quando olhamos para o desenho esquemático que representa a 1a camada do raciocínio apresentado no final deste artigo não dá a dimensão da complexidade da discussão.
A complexidade vem de três principais razões:
- Liderança é expressa por uma linguagem própria. E é papel do líder ser proficiente nesta linguagem. O complexo aqui vem da necessidade de precisão no uso das palavras. Normalmente cada um de nós compreende as palavras de uma forma ligeiramente diferente do outro. E a maior parte das discussões sobre o tema se tornam conversas genéricas e um tanto banais, sem realmente aprofundar a conversa adequadamente.
- Liderança é basicamente sentida. Saber se uma pessoa é um bom líder ou não vem da percepção fina que temos do impacto que ele tem sobre o campo sutil de seus liderados. É muito mais um sentimento que uma percepção racional. E isto torna bastante difícil encontrar uma linguagem que seja precisa e objetiva o suficiente. Quanto mais comparar percepções.
- Liderança é principalmente expressa pelo exemplo. Grandes líderes se expressam mais por suas ações que por suas palavras, o que torna liderança um campo fértil para metáforas, alegorias, inferências, suposições… E muitas vezes o que é falado e o que é expresso por ações cria dissonâncias cognitivas!
Mas, vamos lá! O que descobrimos? E, por favor, aceite esta síntese, sabendo que é o resumo do resumo:
- O sucesso da organização, no que concerne ao fator Liderança, é medido é pelo sucesso consistente na execução da estratégia. Ou seja, a liderança tem sucesso quando a organização executa com sucesso a estratégia contratada, entregando os resultados contratados de curto prazo ao mesmo tempo em que desenvolve as vantagens competitivas que serão necessárias para sustentar a estratégia no próximo estágio, na lógica do Pipeline de Liderança.
- O papel do líder é maximizar a potência da organização na execução da estratégia. E ele faz isto por meio de Alinhamento, Engajamento e Cooperação.
- Alinhamento significa garantir que o máximo possível de energia dispendida na organização seja usado em atividades que tem contribuição direta com a execução da estratégia. A liderança faz isto por meio da:
- Tradução da estratégia para todos os níveis da organização, criando clareza e senso de propósito com linguagem apropriada para cada nível.
- Contratos específicos com cada pessoa sobre qual é sua contribuição para a execução da estratégia.
- Definição de indicadores e metas que possam ser usados para reduzir a subjetividade da medição e das conversas de desenvolvimento ao máximo.
- Engajamento significa criar uma relação emocional entre cada pessoa e o sucesso da organização. A palavra chave nas frases abaixo é sentir. Nosso objetivo é que as pessoas:
- Se sintam donas da estratégia. Ownership.
- Se sintam responsáveis pela estratégia. Accountability.
- Se sintam com poder e autoridade para fazer o necessário para executar a estratégia, mesmo que vá além da descrição normal de sua função. Empowerment.
- Cooperação é garantir que o sucesso das partes seja o sucesso do todo. O risco maior quando nos esforçamos muito para gerar alinhamento e engajamento é criar na organização um viés competitivo, onde as partes passam a competir por recursos, privilegiando o sucesso da parte frente ao sucesso do todo. Isto é um grande problema. O sucesso do todo não vem automaticamente do sucesso das partes. O papel da liderança aqui é:
- Garantir que estamos pensando sistemicamente e alocando recursos da melhor forma para o todo, mesmo que sacrificando partes.
- Garantir que regras e limites definidos pela cultura da organização não são rompidos para permitir vitórias de curto prazo.
O desenho esquemático abaixo tenta resumir isto simbolicamente:

Durante a palestra no CBTD exploraremos este modelo junto com a plateia, de forma conceitual e vivencial. Se você se interessa por discussões estratégicas sobre liderança e organização, por favor, venha conversar conosco! Temos certeza que será proveitoso.
Daniel Castello e Jean Pasteur