Antes de responder esta pergunta é necessário definir o que é um “líder ausente” e como um líder deveria, idealmente, utilizar seu tempo. E isto é bastante diferente dependendo do andar que o líder habita na empresa e do tamanho da empresa.
Quanto maior for a empresa e maior a quantidade de andares entre o líder e a operação do dia a dia, mais do seu tempo ele vai gastar com estratégia, captação de recursos, alianças, relações institucionais. Quanto menor for, mais do seu tempo ele vai gastar com relações com clientes, processos, sistemas e resolução de problemas.
De qualquer forma, sempre tem uma divisão básica neste tempo que é entre
Embora não exista uma receita de bolo, deve ter um equilíbrio saudável aqui. E ele provavelmente está entre 70/30 e 30/70. Um empreendedor que passa 100% do seu tempo lidando diretamente com problemas não está cuidando de sua equipe e um empreendedor que passa 100% do seu tempo lidando com sua equipe não está mantendo o distanciamento necessário para o raciocínio estratégico e as decisões difíceis que cabem apenas a ele. De qualquer um dos dois jeitos, ele está limitando a capacidade da empresa se fortalecer como organização e crescer.
Partindo desse raciocínio, o que acontece quando o líder gasta menos tempo do que deveria com sua equipe? Quando ele “deixa solto” ou “delarga” as coisas?
O tempo do líder com sua equipe tem essencialmente quatro funções:
A função mais básica da liderança é fazer contratos com as pessoas que ela lidera e checar se estes contratos estão sendo seguidos. Um líder ausente contrata mal e checa mal. O que faz que a operação saia do foco e derrape nas curvas. E que a empresa perca produtividade e qualidade na entrega. É claro que não é para ser “control freak”, mas não dá para perder o contato com a realidade.
É responsabilidade da liderança garantir que seus liderados possuem os recursos que precisam para executar o seu trabalho e que têm a competência necessária para usá-los. Alguns destes recursos são sutis e não podem ser vistos de fora. Apenas os liderados sabem o que realmente precisam para executar bem seu trabalho. E o líder tem que estar por perto e disponível para atendê-los. Quando isto não acontece há perda de energia, de motivação, de produtividade. Cai o entusiasmo e o compromisso com o resultado.
Plano é plano. Jogo é jogo. Na hora em que o trabalho está intenso e acelerado é muito difícil ter certeza que a atenção da equipe está no lugar certo e de que as prioridades corretas estão sendo atendidas. Muitas vezes isto envolve decisões difíceis que requerem o distanciamento correto para enxergar. Quando o líder não faz isto, a equipe se perde, a ansiedade sobe e erros grosseiros de entrega podem acontecer.
Entender o que precisamos desenvolver hoje para executar bem a estratégia do ano que vem é uma responsabilidade exclusiva da liderança. E isto requer cabeça nas nuvens e pés no chão. E a capacidade de ligar mentalmente o presente ao futuro. Quando o líder não é capaz de fazer isto as pessoas podem perder seus empregos e a empresa pode, literalmente, quebrar, por se tornar obsoleta quando há uma mudança rápida nas necessidades do mercado.
Liderar é coisa séria. Requer tempo e esforço constante. Um empreendedor de sucesso não pode ser um líder ausente. Ele tem que balancear o tempo entre as atividades que são só suas com o desenvolvimento de sua equipe, que no fim é o que realmente vai fazer sua empresa crescer e fazer o sonho grande se tornar realidade. Ou não.
Daniel Castello
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