artigo Conarh 2016 30_08
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É só gente, não precisa ter medo!

Publicado originalmente em: http://www.abrhbrasil.org.br/cms/materias/artigos/e-so-gente-nao-precisa-ter-medo/

artigo Conarh 2016 30_08

Uma das reflexões mais interessantes que minha participação no CONARH 2016 [Congresso sobre Gestão de Pessoas realizado em agosto pela ABRH-Brasil e ABRH-SP] rendeu foi o como ainda é difícil, no ambiente corporativo, nos relacionarmos com as pessoas pelo que elas simplesmente são – pessoas. O insight veio de três palestras que mediei, com três pessoas muito diferentes.

Na primeira, Flavio Pripas, diretor do Cubo, uma das iniciativas mais legais da atualidade na criação de ambientes cooperativos de inovação, disse tranquilamente que o fator mais importante de sucesso do lugar são as pessoas que o frequentam e que um dos principais métodos de aproximá-las é fazendo reuniões no café e promovendo a participação cruzada em várias reuniões simultâneas. Em resumo, tornando mais natural e espontâneo que pessoas com interesse comuns sejam capazes de simplesmente se conhecer, conversar, explorar um ao outro para descobrir se e como podem se ajudar. Fiquei impactado – parecia um pouco óbvio, e estranhamente utilitarista.

Na segunda palestra, Vania Ferrari, uma figuraça, aquele tipo de pessoa de quem você fica melhor amigo em dez minutos, colocou todo mundo para rir e refletir seriamente sobre como a vida seria mais fácil nas organizações se simplesmente fôssemos sinceros, amorosos, se chegássemos mais perto um dos outros. Se fossemos capazes de falar uns com os outros com honestidade, sinceridade e espontaneidade. O que me chocou não foi o que ela disse, pois me parecia natural e até bastante óbvio, foi a reação das pessoas! Era como se alguém as tivesse libertado, tivesse autorizado a serem felizes e se relacionarem com leveza umas com as outras. Foi incrível! E um tanto chocante, devo admitir.

E, na terceira, Fabio Marras da IBM, um daqueles caras que devem ter sido nerds desde o berço, gente boa, meio tímido, olhar doce, veio falar sobre os avanços que eles vêm fazendo em ciência cognitiva para ajudar pessoas a compreenderem melhor os padrões de comportamento de outras pessoas. Como se fosse necessário colocar um computador entre nós para que nos relacionássemos melhor. E, se parecia muito estranho o que ele falava sobre o futuro, era inegável que já tínhamos percorrido um grande caminho por esse processo de intermediação cibernética com a criação de avatares nas redes sociais. Estranhíssimo.

Ao final desses três encontros fiquei me perguntando porque é tão difícil nos relacionarmos com espontaneidade e real interesse um pelo outro neste ambiente louco que vivemos. Me perguntei quando que as máscaras e os crachás tinham ficado mais importantes que as pessoas por trás deles. E de quanto tínhamos avançado nesste processo para que o grande insight dos nossos tempos fosse fazer as pessoas se conectarem como pessoas de novo!

Olhei para mim mesmo e aí percebi como é difícil: como inúmeras vezes me senti inseguro ao me relacionar com outras pessoas, como sempre tento ser o mais objetivo, correto, polido, afável e controlado quando me aproximo de alguém novo no mundo profissional. Percebi o quanto administro e gerencio meu lado mais espontâneo e natural. De quanto gerencio a distância com cuidado. E quão libertador seria não precisar fazer isso.

Aí me perguntei: será que é realmente necessário? Será que não é só relaxar? Preciso mesmo ter medo? Afinal, é só gente como eu…

Daniel Castello
Mediador e Integrante do Comitê de Criação
Conarh 2016

 

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